Quem sou eu

Bem vindos, sou Mônica e neste blog trato sobre assuntos de adoção, meu dia a dia, pensamentos, reflexões, conheça minha história.

sábado, 11 de agosto de 2012

O QUE PASSOU EM MINHA CABEÇA QUANDO DESCOBRI QUE ERA ADOTADA... ESPERO QUE AJUDE MUITOS JOVENS E VEJA QUE TODOS QUE PASSAM PELA SITUAÇÃO TEM OS DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS...


Eu pensei que meu mundo fosse desabar quando descobri a verdade sobre minha história,passou um filme na minha cabeça achei que tudo que vivi até aqui fosse mentira, pensei meus pais não são meus pais, minha família não é minha família, eu não nasci aqui nasci em outra cidade, meus documentos não são verdadeiros, foi mentira tudo que vivi, foram semanas assim pensando sobre isso, fui no mais fundo de mim quando percebi que Deus não tinha me abandonado, comecei a enxergar que não era tão mal assim minha situação, aos 21 anos de idade descobrir sua verdadeira identidade é difícil então comecei a remontar minha identidade, parei pra pensar que Deus me guardou durante estes anos todo para não sofrer esperou que eu tivesse maturidade para lidar com os fatos entender que nada é por acaso, com o tempo conheci minha família biológica...
Conheci meus irmãos e sobrinhos e cunhados, algo que sempre admirei em amigos e família sempre achei lindo ver alguém dizer meu cunhado minha cunhada meu irmão minha irmã meu sobrinho minha sobrinha, desde pequena este sonho foi o meu, e Deus aos meus 21 anos me entregou o pacote completo, algo que se fosse antes talvez nãos desse tanta importância assim.

Pois bem hoje amo minha família biológica e adotiva na mesma intensidade, amo meus pais e agradeço por ter duas famílias dois pais e duas mães, irmão e sobrinhos e cunhados, hoje eu sei o valor que isso tem.

Hoje eu entendo que minha vida não é mentira que é realidade pois se passei por isto foi porque Deus sabia que eu conseguiria suportar...

SEMPRE DIGO DEUS NÃO ESCOLHE OS CAPACITADOS CAPACITA OS ESCOLHIDOS, TALVEZ VC ESTEJA PASSANDO PELA MESMA SITUAÇÃO OU PARECIDA ACREDITE NO FINAL VC ENCONTRARÁ A RESPOSTA BASTA APENAS CONFIAR EM DEUS.

BEIJOS MÔNICA.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Por que surgiu este nome ADOÇÃO E RESTAURAÇÃO?

Este nome surgiu porque acreditamos que através de uma adoção pode haver a restauração de uma família, o contexto é simples basta parar e analisar os fatos.

Ex: Um casal que queira ter filhos e não pode através da adoção encontra a possibilidade de seus sonhos de se tornarem pais, através desta adoção há uma restauração em suas vidas, através deste sonho de ter um filho e poder realiza-ló através de uma gesto tão simples e nobre de adoção há ali uma restauração no complexo familiar, devolve então a felicidade a estes casais que tanto almeja está de se tornar Pai e Mãe.

O nome adoção e restauração veio através deste raciocinio, pois bem queremos que o blog se torne um meio de ajudar os pais e filhos adotivos a encontrar a restauração e sua felicidade.

é isto pessoal, espero que tenham compreendido o nome dado ao nosso blog.

Um beijo há todos vocês...

João Carlos e Mônica.

Toda Criança tem direito de ter um lar, toda criança tem direito de ser feliz, vamos acabar com os paradigmas de adoção e vamos dar amor e carinho há quem tanto deseja ter uma família.

Beijos e Abraços

Adoção e Restauração.

Donos do Blog:

João Carlos e Mônica.


domingo, 5 de agosto de 2012


DEPOIMENTO: ADOÇÃO E GRAVIDEZ

Desde muito cedo quis ser mãe e até gravidez psicológica, de ficar 4 meses sem menstruar e com o ventre um pouco crescido tive.

Casei cedo, aos 22 anos e um ano depois já estava tentando engravidar. Só que não acontecia. Fiz vários exames e comigo estava tudo em ordem para que a gravidez acontecesse.

Já no meu marido, apareceram algumas complicações e ele até submeteu-se a uma cirurgia para correção do problema (velocidade dos espermatozóides).

Mesmo assim o tempo foi passando e a gravidez não acontecia. Só que não era uma obsessão e fomos levando nossa vidinha de casados muito bem.

Desde mocinha eu pensava em adotar, achava que já tinha tanta criança precisando de um lar, então pra que colocar mais uma no mundo?! Só que esse não era o pensamento do meu Guga que queria muito um filho biológico.

Lembro que antes de saberem que o problema por eu não engravidar era do Guga, a família dele me cobrava absurdos pela gravidez! Era como se fosse um fluxograma: Casou, tem que ter um filho biológico! Um dia não aguentei e mandei eles perguntarem ao Guga pq eu não engravidava. Silenciaram e me deixaram em paz!!! ufaaaa!!!

Guga tentou tratamento com hormônios que o fizeram passar super mal e foi aí que conversamos mais seriamente a respeito da adoção e ele concordou. Tínhamos 12 anos de casados.

Nos habilitamos, cheios de paradigmas e preconceitos...graças a Deus chegou meu Henrique, que de fato era o oposto da criança que descrevemos desejar no processo de adoção inicial. Mas chegou arrasando: Nos fez Pai e Mãe e o melhor: Nos fez ver a vida como ela é e saber que pode ser melhor e nos fez quebrar as fronteiras do nosso mundinho.

Henrique, meu filho mais velho, não foi bem aceito pela família e teve até aqueles que nos mostraram os pulsos e disseram que se o sangue deles não corressem na criança, eles não a considerariam como família. Houve os que nos mandaram devolvê-lo...e absurdos assim. Afiamos unhas e dentes e deixamos claro que ele era nosso filho e ponto final e aqueles que quisessem continuar a conviver com agente teriam que respeitar nosso Henrique.

1 ano e 6 meses se passaram...Henrique já consquitara seu terreno e os que não o aceitaram, era pq de fato não nutriam por nós grande afeto, assim se afastaram. Graças a Deus...hoje enxergo que eles eram um grande estorvo!!!

Comecei a ter sonos incríveis e super fora de hora...era um abrir de boca maleducado e eu não me segurava em pé! A menstruação atrasou e comecei a ficar enjoada...veio a suspeita da gravidez!

FIQUEI APAVORADA! tomava remédios pesados para o controle da Esclerose Múltipla, doença da qual sou portadora e recentemente tinha feito pulso de corticóides!

O exame deu positivo! Lembro que chorei que só, por não desejar mais ficar grávida, tinha muito medo, eu já tinha 35 anos. Por estar passando por um momento difícil na nossa vida e por achar que já tinha meu filho e se quisesse outro era para ser adotado também!

Fizemos a primeira ultra-som e o coração pulsando a mil por hora nos fez emocionar: Eu e Guga a chorar e Henrique a sorrir imitando o som do coraçãozinho do irmão!

Sim, teve os que assim que souberam da minha gravidez foram logo indagando: E agora vão devolver o menino que vcs "criam"? E o pior é que não foi só um ou dois que chegou a fazer essa pergunta absurda!

Outros comentavam: "agora vc será mãe de verdade"! ou "agora vcs vão ver o que é de verdade ter um filho"!

Por vezes eu respondia alguma coisa bem grosseira e por outras vezes era bem escandalosa e me colocava a gargalhar na frente da pessoa, que ficava com cara de tacho!!! Por vezes, tava tão cansada com aquilo tudo que nem respondia nada!!!! Ignorava!

Bom, comecei a ter enjôos absurdos, vomitava mesmo em jejum, o suco gástrico e só faltava me acabar com aquilo! enjoei o cheiro de tudo...até a música de um desenho animado que Henrique gostava de assistir até hoje não aguento escutar!


Eu não conseguia mais dormir na posição que estava acostumada...a região da bacia doia demais e me disseram que era justamente a mesma se dilatando para segurar o bebê e dar passagem ao mesmo...como tive dores!!!

Eu praticamente não dormi a gravidez toda, eram apenas cochilos, ou desmaios de tão cansada! Me sentia insegura...Chorava por tudo, até com propaganda de bolacha na TV!

Descobri como posso me tornar uma pessoa insuportável!!!

Passei a gravidez deprimida!!! Era muito incômodo!

Tive sem ter nem pra que um forte sangramento...ameaça de aborto que me fez ficar de molho por mais de um mês.

Eu vivia insegura, aquele serzinho crescendo dentro de mim me apavorava e não conseguia enxergar poesia naquilo! Os únicos momentos bons eram na hora da ultra, onde víamos ele se mexer todo e cada vez se formando!!! O estado de graça terminava aí! O resto era para fazer graça aos desafetos, pq era um incômodo só.

Claro que eu amava o filho que crescia em meu ventre...mas, era aquele amor de cuidar para que nada de mal acontecesse a ele!

A partir do quinto mês comecei a ficar toda inchada e meus pés e pernas foram os que mais sofreram...

No fim da gravidez, faltando uma semana para 8 meses tive pré-eclampsia e quase morremos eu e ele!

Por precaução da obstetra que me acompanhava já estava internada na maternidade há 2 semanas e pegaram o pré-eclampsia de pronto e assim nasceu meu segundo filho! Parto de urgência, cesário e ele ainda ficou 10 dias na UTI Neonatal...

Quando o colocaram em meu colo, recém nascido todo melecado por uma gordura branca, só conseguia dizer: "Deus o abençoe" e alisava meio com medo sua testinha.

Hoje sei e tenho convicção que só conseguimos amar nosso filho depois que ele nasceu e começamos a cuidar dele e interagir com ele!

A gravidez em nada tornou Guilherme mais meu filho do que o Henrique. Hoje, eles são dois filhos adoráveis, cada um na sua faixa etária e com diferentes facetas, tb em virtude da personalidade deles como indivíduo!!!

Sim, meu marido que viveu por 14 anos o drama de não me engravidar, depois que a gente quase morre, tratou de fazer vasectomia e me disse com seu jeito meigo: "Se quisermos e tivermos condições de ir atrás da nossa menininha, ela virá adotada! Sabemos que se trata da mesma coisa! É só um meio diferente de chegada dos nossos filhos"!

Lembro que desatei a chorar emocionada e orgulhosa do Homem que meu Guga se tornara!!!

Este nosso irmão mais novo Felipe 


Nosso irmão Nill e cunhada Eliana

Nosso irmão Flávio e cunhada Cláudia.



NOSSA IRMÃ CRISTIANE E NOSSO CUNHADO ALEX :)

Queridos e Queridas !


Pois bem como algumas pessoas devem saber minha história foi de adoção também, minha mãe não tinha condições de cuidar e resolveu me adotar, não tenho mágoas nenhuma dela pois agradeço por este gesto que pode parecer pequeno mas não, pois sei que a dor de ter que entregar aquele ser que ela carregou durante seus nove meses na barriga foi grande, a dor de saber que gerou o filho e não poder cuidar, mas sabendo que o amor dela seria maior do que qualquer coisa do mundo, e que passaria por cima desta dor e adotaria para não me ver sofrer. Agradeço a minha mãe por ter tido este gesto e carinho tão grande comigo e com meu irmão João Carlos, pois graças a isso eu e o João tivemos a chance de ter estudos coisa que nosso irmãos não tiveram, tenho orgulho da família biológica que tenho que mesmo com suas dificuldades passou por cima dos obstáculos e me fez enxergar que com força d vontade pode sim melhorar a vida,e da adotiva que me acolheu com seu grande e imenso amor.


Quero poder retribuir a minha mãe biológica este pequeno gesto de amor e quem sabe um dia eu possa fazer nem que seja o mínimo por ela, e também pelos meus pais que me adotaram.


Diferente do que muitos pensam ser adotado não é nada de ruim e sim de bom...


A MELHOR PARTE DE TUDO ISSO É SABER QUE VOC~E TEM DUAS FAMÍLIAS DOIS PAIS E DUAS MÃES;...




QUER PESSOAS MAIS PREVILEGIADAS QUE EU E MEU IRMÃO JOÃO CARLOS? RS


BOM É ISSO PESSOAL 


UM ÓTIMO DOMINGO A TODOS VOCÊS...


MIL BEIJOS.


MÔNICA.
Oi Gente!


Aqui é a Mônica, bom vim falar sobre este tema adoção, pois bem estou feliz que muitas pessoas estão visitando o blog, não sei se algumas realmente para pra ler o conteúdo, ou se simplesmente abre por curiosidade e fecha sem dar importância mas bem isso é de menos o que importa é que as pessoas sintam mesmo o interesse em nosso blog, pode até ser que não de a devida importância logo de cara mas com um tempo pode vir ser útil na vida de vocês. Estou vendo que o tema adoção está cada vez mais sendo popularizado, vemos recentemente no programa da Xuxa sobre o tema adoção, no programa da Fátima Bernardes, as pessoas cada vez mais estão se interessando sobre o tema que antes era bem abafado.
Vemos recentemente casos de crianças que são abandonadas por mães, é muito triste pois ainda acho que em todas as cidades deveria sim ter um apoio a adoção,para assim auxiliar está pessoas que não tem condições e ajudar a encontrar uma família para a criança, mas sei que é burocrático, assim como também acho que deveria ser mais agilizado o processo de adoção, soube de um caso um dia desses que há dois anos um casal adotou uma criança e ainda tem que ir todo mês para a cidade de onde a criança veio para prestar seus depoimentos ao juiz para ter um acompanhamento com os pais, não sei se isso é normal mas bem vou pesquisar mais sobre o assunto.



MIL BEIJOS.


MÔNICA.


sábado, 4 de agosto de 2012

Muito legal a iniciativa de vcs!Deus traças planos em nossas vidas, que muitas vezes não compreendemos, mas de uma coisa podemos ter certeza: Ele sempre tem o melhor para nós, porque nos AMA...
Zaíne Cerqueira 

Obrigada Zaíne pelo carinho :)







Bom pessoal, eu gostaria de saber a opinião de vocês em relação ao assunto "adoção". O que vocês acham sobre isso? É algo que vocês fariam por não conseguir ter um filho biológico, ou vocês fariam mesmo tendo um filho biológico ou vocês nunca fariam? 

Muitas pessoas se assutam com o assunto, por medos (de como serão as crianças quando crescerem, de herdar o caráter dos pais de sangue, ou até de os pais biológicos virem atrás da criança querendo-a de volta) ou até mesmo por discriminação. Mas cada um com seu cada um, mas sempre respeitando a opinião dos outros. 

Essa é uma experiência que pode dar certo ou até mesmo pode dar errado. Eu mesma, tenho conhecidos que foram adotados e que morrem de amor por seus pais adotivos, já outros que são revoltados. 

E por ser um tema que divide muitas opiniões, gostaria de saber o que vocês pensam a respeito desse assunto. 

Beijos! 
Nossos sobrinhos :)
Nossos irmãos :)

família


Está é a família reunida alguns cunhados ali também :)

A de rosa claro é  nossa Mãe o de azul lá na ponta nosso pai.

ola sou joao carlos voltei p fala q fui criado com muito carinho e amor plos meus pais adotivos joao carlos garcia ( faleceu em 2005 sinto sua falta ate hj nunca o esquecerei amo demais ) minha mae q amo demais sem ela eu nao seria nada iolanda maria garcia q esta sempre do meu lado meus irmaos q tb estao cmg e q amo muito cris, flavio ,denilson, felipee a minha irma monica q eu gostode atormentar plo face rs eu e a monica somos adotivos amo demais minha irma e sempre q precisa pode conta cmg maninha voltoa fala esse blog e muito legal pois ajuda na concientização das pessoas mana vc e nossos irmaos moram no meu e no coração da mae aqui ela gosta muito de vcs e tem vcs como filhos te amo muito viu bjsssssss

joao carlos 
http://www.youtube.com/watch?v=h6nqQBh_riw&feature=relmfu

Olhe o depoimento desta mãe :)

Conheça a história de Flávia, que ouviu o choro do filho adotivo Davi na ante-sala de parto. A entrevista foi concedida à Crescer em 2007

O trânsito caótico da Avenida Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo, passa a três quadras da casa de Flávia Miranda de Oliveria, 33 anos, professora de educação infantil e psicóloga, e Ricardo Peev, 38 anos, jornalista. Os sons das freadas e das buzinas não chegam até lá. Por sorte do casal, há uma calmaria rara nesse cantinho da capital paulista. Flávia me recebe numa tarde de quinta-feira de sol e calor intensos. Nem bem atravesso a porta que leva à sala, escuto gritinhos de um bebê que tenta se comunicar. No mesmo instante, algo muda em Flávia. O brilho de seu olhar se torna mais forte, e ela não consegue esconder o quanto está radiante por ter se tornado mãe. Essa felicidade começou em fevereiro, quando Ricardo contou, por telefone, que Davi, hoje com 7 meses, nasceria. Um belo dia eu disse: chega!” Ela conta que,inconscientemente, se aproximou de casais que tinham adotado. Em uma festa, o avô da aniversariante, também adotiva, disse a Flávia: “Só falta você.” Na hora, ela diz ter ficado com raiva. Mas sentiu também que ele colocou nela a sementinha da adoção.
Dois anos mais tarde, Flávia entendeu o que leva casais a terem um filho por outro caminho. “Não queria ter uma barriga. Queria um filho, queria ser mãe. A gravidez pode ser um caminho. Mas não existe só esse.” Não levou muito tempo até entrarem na fila para adoção. Contar para os familiares foi o segundo passo. Flávia deu a notícia aos pais dela durante um jantar, dizendo que ela e o marido estavam pensando em adotar – quando na verdade já tinham se decidido. Ela faz uma pausa para segurar com os dedos as lágrimas que insistem em sair. Levanta-se do sofá e imita os gestos do pai, como se estivesse revivendo tudo. “Ele me abraçou chorando. Dizia ‘filha querida, você está me dando um presente. Nunca te falaria isso, mas sempre pensei nisso para você, e não como prêmio de consolação.”Também falaram, com carinho, aos filhos que Ricardo teve no primeiro casamento, Mário e Marina. Mais que adorar, todos celebraram.
O quarto foi decorado em apenas dois meses, logo após o telefonema. Ovelhas zelam pelo sono do pequeno. Na gaveta da cômoda, os pais começaram a montar uma biblioteca infantil. Por lá está a coleção de carrinhos com os quais em poucos meses Davi vai adorar brincar. Enfeitam a parede dois quadros feitos por uma amiga artista plástica. Ali está a história de Moisés, que chegou aos braços da princesa, filha do faraó, em um cesto pelo rio. Para ela, é uma representação simbólica da chegada de Davi.
Hoje Flávia olha para o filho e não lembra das dificuldades que passou. Uma delas foi viajar, ao lado da mãe, para São Luís. Ricardo só poderia se afastar do trabalho por uma semana. Então, embarcaria assim que os papéis da guarda provisória fossem liberados. A mãe biológica do bebê, em um processo chamado adoção direta, abdicou dos direitos legais sobre o filho e escolheu um casal para entregá-lo. No caso, Flávia e Ricardo. Um casal de amigos fez o intermédio. “É como se estivesse cada vez mais perto de realizar um sonho”, diz. Davi parece saber que estamos falando dele. Flávia lhe manda um beijo e ele, num gesto de cumplicidade, gargalha. Instalada em São Luís, Flávia decidiu, três dias antes do parto, programado para uma quarta-feira, passar as roupas do enxoval. Naquela madrugada, o advogado, que fez o intermédio entre as duas famílias, ligou avisando que a bolsa da mulher tinha rompido e que estavam indo para uma clínica, paga pelo casal. “Foi como se tivesse sentido as contrações também.”
Ela e a mãe permaneceram em uma ante-sala ao lado da sala de parto. Quando Davi nasceu, ela ouviu o primeiro choro do filho. Minutos depois, ainda enrolado na toalha, ele foi ao encontro do peito dela. Flávia tinha feito estimulação para ter leite. “A sensação de amamentá-lo foi indescritível”, diz. Daquele momento em diante os outros problemas deixaram de existir, tudo ficou menor. Agora ela tinha o Davi. Ricardo viajou duas semanas depois. Ligava incessantemente e chorava ao telefone. Ele sofria ao pensar que o filho não o reconheceria. A volta para casa foi o momento com que Flávia sonhou desde que ouviu falar de Davi e o amou, antes mesmo de conhecê-lo. Fazemos uma pausa para o lanche da tarde do menino.Manhoso por conta da dor do nascimento de dente, ele rejeita a papa de frutas. A mãe aconchega-o no colo e a irritação passa. Da janela da sala, somos vigiados pelo cão de guarda, um mix de vira-lata com boxer. Ele é o protetor de Davi.Foi comprado um mês depois do nascimento do bebê. O nome foi escolhido a dedo –e não poderia caber melhor: Golias.
Quando Davi adormece, pergunto como eles pretendem contar ao menino sobre a adoção. Mesmo sorrindo, Flávia se emociona e caem as lágrimas novamente. Não é um choro de lamentação, é felicidade. Davi parece ter curado Flávia. Antes ela vivia a ausência, a impotência. Davi foi o sim. Ela quer contar a ele a história inteira, que não precisa ser de rejeição, e sim de aceitação, sem rótulos ou estigmas. “Ele não é adotivo, ele foi um dia adotado.
Hoje ele é meu filho legítimo.”

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